terça-feira, 17 de julho de 2012

Destaque | LULULEMON - FLYING FORTRESS - 2012 | Portugal


Género
Surfcore, Trashblues, PostCountry

No primeiro álbum, os Lululemon vão à praia, olham para o espaço e acabam a mergulhar no tempo.

A capa de «Flying Fortress» sugere um templo com flamingos e um jardim psicadélico mas a espiritualidade dos Lululemon é outra. É não, são, porque reduzir este depoimento maioritariamente instrumental a um só compartimento é corromper a liberdade de uma banda que tanto recupera as guitarras surfistas de Dick Dale como o imaginánio sci-fi de uns Man-Or-Astroman.

Pela amostra, dá para perceber que não é bem música deste tempo. A tecnologia fica à porta da garagem e o som do álbum é um combo coeso em que o todo é maior que a soma das várias partes. E quão poliglota é esta banda que parte de uma ideia generalista de canção instrumental para explorar universos separados pelo espaço mas unidos pela música.


«Flying Fortress» não se limita a destruir muros e barreiras estéticas; também a tendência anacrónica é explorada do berço do rock à sua reedificação na década de 90. Tudo o que não seja mobiliário vintage não cabe no recheio dos Lululemon, um trio que denota apreciável criatividade e saudável domínio da matéria instrumental.


Falta-lhe uma consistência maior para justificar um longa-duração. Deste primeiro álbum poderia sair um excelente EP, que apesar do despretensiosismo, lembra algum do rock independente que se fazia a Oeste em Portugal há cerca de 15 anos. Ainda assim, recomendável a quem percorra as estradas do Entroncamento à espera de ver um ovni a aterrar


Tudo começou com um concurso de bandas em 2009 quando Pedro Ledo e Tiago Sales se juntaram num power duo demolidor para ganhar alguns trocos. Os blues eram uma referência para os dois músicos e daí até formarem os Lululemon foi um piscar de olhos. Com esta formação saiu cá para fora o EP Thee Ol’ Reliables (2010), disco onde a guitarra elétrica, a bateria e os sintetizadores ditam as regras, mas com muito fuzz e reverb em cima. Mais tarde junta-se à formação o Luís Matos para tocar guitarra barítono e o projeto começa a ganhar outra complexidade criativa. Os Blues alargam-se a outras sonoridades e o resultado é este arrebatador The Flying Fortress, disco dividido em IV Capítulos com muito Surfcore, Trashblues e Poscountry à mistura.

Flying Fortress arranca com Blonde Weather e logo ficamos agarrados a um universo que nos transportará para parte incerta; pelo caminho vamos encontrando paisagens secas e repletas de catos. Não ficamos indiferentes ao cinema de um Sergio Leone ou de um Quentin Tarantino. Blonde Weather é um single muito forte e um excelente início para aquilo que vem a ser este disco, gravado e misturado nos Estúdios Sá da Bandeira no Porto. Flying Fortress foi masterizado em Nova Iorque por Matt Shane, engenheiro de som já premiado com um Grammy.
Instrumental na sua totalidade, Flying Fortress está dividido nos tais IV capítulos porque os Lululemon não se ficam por uma linha contínua, gostam de trilhar caminhos obscuros e galgar sonoridades – não fazia sentido meter tudo no mesmo saco. A acompanhar o conjunto de originais Flying Fortress, está o disco Thee Ol’ Reliables composto por 2 EP’s, reeditados agora com uma faixa bónus gravada mais recentemente: Cpt. Tonic.
Depois de um concerto muito apreciado pelo público no Milhões de Festa, em 2010, o talento desta rapaziada de Vale de Cambra foi confirmado em 2011 ao ganhar o Optimus Live Act. O prémio do concurso valeu a abertura do palco principal no último dia do Optimus Alive. Seguiram-se convites para concertos por esse país fora.
Estava lançada mais uma grande banda em Portugal.


http://www.myspace.com/lululemonband
https://www.facebook.com/thelululemon
http://lululemon.bandcamp.com

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