quarta-feira, 27 de junho de 2012

Destaque | RAGING PLANET | Portugal




Bandas
The Temple - Cinemuerte - We Are The Damned - [F.e.v.e.r.] - Capitão Fantasma - Bizarra Locomotiva - Men Eater- Miss Lava - Murdering Tripping Blues - D'Evil Leech Project - For The Glory - Riding Pânico - Dawnrider - Peste & Sida - Sinistro - More Than A Thousand - Blacksunrise - Sam Alone - La Chanson Noire - Fiona At Forty - Mécanosphère - Ho-Chi-Minh - Humble - Banshee ASECR - Satans Revolver - EasyWay - Seven Stitches - Blackjackers - The Dixie Boys - Yoshi O Puto Dragão - Phazer - Daemogorgon - Bypass - Nelson Carrera - From Now On - The Ransack - Albert Fish - Amarionette - Citizen Destroyer - Legion Of The Sadists - Atentado - EAK - Bruto And The Cannibals - Drop D - Moe's Implosion - Wild Tiger Affair - Katabatic - The Godspeed Society - Apotheus - Devil In Me - TwentyInchBurial (R.I.P.) - Nua (R.I.P.)

Ultimas edições

https://www.facebook.com/media/set/?set=a.123859772823.90321.121334982823&type=3

https://www.facebook.com/ragingplanet
http://www.ragingplanet.web.pt
http://www.myspace.com/ragingplanetrecordsportugal

domingo, 24 de junho de 2012

PROGRAMA 12 (23-6-2012)



Trashtucada - Demogracia
Throes + The Shine - Ewe
Diabo Na Cruz - Baile na Eira
Blackbird Raum - Story from Strawmouth
Mu - Lucas
Fadomorse - Digo-me Adeus (with Emmy Curl)
Primitive Reason - Seeds Among The Rain
The Hives - 1000 Answers
Gazua - Respira
Lapko - Waves Are Crashing
Art By Numbers - The Man In The Box
L' Alba di Morrigan - Snowstorm
Skypho - A Última Caminhada
Livin'Paradies - Time to let it go
The Bouncing Souls - Static

terça-feira, 19 de junho de 2012

Destaque | AN X TASY - THE CALM BEFORE THE STORM - 2012 | Portugal


Género

Punk / Hardcore / Alternativo

Provavelmente, o regionalismo votou este quinteto oriundo de Faro a algum atraso no seu reconhecimento. Não obstante, os seus dez anos de carreira renderam várias vitórias em concursos, concertos ao lado de nomes tão sonantes como Caliban, The Unseen ou Omnium Gatherum e ainda vários pezinhos de dança no estrangeiro. Sem esquecer: um álbum e um EP.


O seu segundo longa-duração vem neste ritmo de calmaria procelosa condimentada por uma vasta embrulhada de sons, sobretudo rockeiros, com melodias ternurentas mas também uma agressividade metaleira ocasional que faz baralhar as contas.


Todavia, os An X Tasy são rock e mostram-se apaixonados pelos clássicos. Que o digam os guitarristas Rafael Rodrigues, Nuno Gonçalves e Bruno Pereira - fantásticos executantes.


Em dez faixas superiormente produzidas temos ainda apontamentos bluesy, jazzy e latinos, tudo assente numa interessante e muito segura forma de escrita. Os An X Tasy só pecam nas linhas vocais limpas, onde há francos melhoramentos a operar e que só por isso não tornam, por exemplo, um tema como "O Amor" num estrondoso sucesso radiofónico. Atenção ainda para a deficiente pronuncia inglesa na faixa escondida "Giant With Feet Of Clay".


A banda homenageia também a sua língua materna através de títulos de temas e breves passagens líricas que, no cômputo geral, transmitem uma mensagem de humildade, solidariedade e humanismo, que também lhes confere pontos a favor.


É fácil perceber que os An X Tasy têm muito potencial a fervilhar na guelra e um nível de profissionalismo e detalhe que extravasa o amadorismo típico dos principiantes, surpreendente, sobretudo, para aqueles que, pelas razões anteriormente invocadas, os poderão ter ainda como uma novidade. Não o são e a continuar desta forma poderão espantar muita e boa gente. [7.3/10] N.C.


Elementos:

- Rafael Rodrigues (voz, guitarra)
- Nuno Gonçalves (guitarra, voz)
- Bruno Pereira (guitarra)
- João Bernardo (baixo)
- Bruno Henriques (bateria)

Discografia:

- "Even The Most Honest Man Sometimes Tells Some Lies" (Ed. digital - 2009)
- "Even The Most Pacific Man Sometimes Has To Kill" (EP - 2011)
- "The Calm Before The Storm" (CD - 2012)

http://www.myspace.com/anxtasy
https://www.facebook.com/anxtasy
http://palcoprincipal.sapo.pt/anxtasy

segunda-feira, 11 de junho de 2012

PROGRAMA 11 (9-6-2012)


The Internationals - Shoulder
Memória de Peixe - Estrela Morena
Alamaailman Vasarat - Väärä Käärme
NotFound - Homeward Bound
Dividers - Just a Man
O Rapaz Estranho - A forma
Aitches - Wednesday
Millencolin - Out From Nowhere
Booster - Fala Mal e Deixa Andar
Architects - Daybreak
Ocoai - La Main d'Electrique
Kehlvin - Troy Van Balthazar
Katabatic - Light Hexagons

terça-feira, 5 de junho de 2012

Destaque | SKYPHO - SAME OLD SIN - 2011 | Portugal


Género
Metal / Fusão

É curioso como tão discretamente os Skypho foram subindo na sua carreira, mas sempre sob um princípio rígido de qualidade e ousadia. Isto pode parecer paradoxal, até porque a banda já venceu alguns concursos, tocou ao lado de bandas de renome e até já foi ao estrangeiro. Mas a sensação que temos é que o material que apresentam tem potencial para já serem ainda mais falados do que são. Talvez alguma coisa mude com este “Same Old Sin” que apresenta o sexteto de Albergaria-A-Velha, pela primeira vez, em longa-duração.

Recorrendo aos préstimos, novamente, de Ivo Magalhães nos Uncle Rock Studios, e, pela primeira vez, do aclamado Jens Bogren na parte da masterização, salta-nos logo à vista o excelente som deste disco. Depois, vem a amálgama sonora – esquizofrénica - que caracteriza os Skypho desde os tempos de “Nowhere Neverland”, de 2007, que, aliás, acaba por ser aqui representado em vários temas.


Imaginem uns Soulfly e Rage Against The Machine a “churrascar” com uns Primitive Reason e Alice In Chains enquanto uns Ill Niño se encharcam num qualquer beberete latino ameaçado de saque por uns Tendrills ou Korn. Mas… fica complicado resumir os Skypho a estes autores. Isto aqui só pode ser considerado música experimental com um astral radiofónico, ao que não fica alheia a excelente voz de Carlos Tavares. Ao mesmo tempo, o peso está presente, o que os suspende entre o mainstream e o underground. No fundo, estão no seu próprio patamar que é o mais importante.


Não obstante este arrojado melting pot, estamos certos de que o grupo pode evitar certas influências mais vincadas e fazer convergir algumas delas para um todo ligeiramente mais homogéneo. A questão é discutível e adivinhamo-la como o principal estigma dos Skypho – a sua própria categorização.


Entenda-se ainda que os Skypho não descobriram a pólvora, mas têm uma inteligência acima da média ao nível da escrita e são capazes de imprimir uma dinâmica elevada e contagiante aos seus temas. Há demasiado por onde se pegar aqui… e nos tempos que correm não há como não valorizar nem que seja a intenção. Um bem-haja há descomplexidade da música dos Skypho. [8.2/10] N.C.


Depois de "Nowhere Neverland", os Skypho dão mais um passo seguro na sua afirmação no seio da música de peso portuguesa com o álbum de estreia "Same Old Sin".


Naquilo que o Ep e as demos que o precederam prometiam, o novo registo mais do que confirma. Os Skypho são actualmente um dos projectos mais "refrescantes" do Metal nacional. 


Gravado nos mesmos IM Estúdios (Porto) onde foi gravado o Ep, o álbum regista a continuação da colaboração de Ivo Magalhães na produção. Uma colaboração que tem dado bons frutos. Se a captação dos sons decorreram em Portugal já a masterização decorreu na Suécia, mais concretamente nos Fascination Street Studios, trabalho este a encargo de Jens Bogren (conhecido pela colaboração com bandas como Opeth, Katathonia e Soilwork entre outras).


Se em "Nowhere Neverland" era notória uma diversidade em termos de raízes musicais em "Same Old Sin" a musica da banda atinge outra plenitude. Durante os 13 temas não é de todo estranho encontrar referências a várias vertentes musicais. Desde as melodias Grunge/Pós Grunge, passando pelos ritmos ora inquietos do Ska ora quentes das musicas tribais, até à força do Metal (ora com incursões na vertente Nu Metal ou em linhas mais agressivas como o Thash). 


Mas o mais impressionante é que os Skypho conseguem esta incursão pelos vários territórios musicais superiormente mantendo uma linha condutora que lhes permite ter uma identidade vincada.


"Same Old Sin" recomenda-se fortemente e assume-se como um dos registos do ano do nosso meio. Experimente e deixe-se levar por esta experiência musical capaz de lhe surpreender.


Temas em destaque: "Spirit" , "Demon's Party" e os renovados "My Insomnia", "Nowhere Neverland".


skypho.blogspot.pt
www.skyphoband.com
www.facebook.com/skypho

Destaque | OS QUAIS - POP É O CONTRÁRIO DE POP - 2012 | Portugal


Género
Indie / Acústico / Folk

Já passaram três anos desde que o rockeiro (pelo menos para os parâmetros bossa-novistas dos que já lhes conheciam as canções) EP "Meio Disco" fez sair da toca esta dupla. Afinal, o Jacinto e o Tomás, que tocam e cantam juntos desde os tempos de escola, davam-se a ouvir descontraidamente e não iam mudar de vida só porque sobre eles se escreveram maravilhas:
“Os Quais fizeram de um meio disco uma ideia inteira”, Nuno Galopim (DN); “O disco inteiro promete”, João Lisboa (EXPRESSO); “Apenas seis músicas mas todas elas imprescindíveis”, Frederico Batista (SAPO.pt); “Entre a Lisboa letrada e a enganadora leveza da música brasileira”, Lia Pereira (BLITZ); “Tem rocks e pops e bossas e constrói uma ideia de personalidade”, Mário Lopes (PÚBLICO); “É «Meio Disco» mas já é muita coisa”, Davide Pinheiro (DISCO DIGITAL); “A qualidade de um disco inteiro”, Rui Dinis (A TROMPA); “Destes aventureirismos estamos necessitados”, Gonçalo Palma (COTONETE).
Mas também porque levaram o desafio à letra, cuidaram em coligir responsavelmente aqueles materiais que melhor os representavam e convocar amigos barra-limpa: Domenico Lancellotti (ritmista, cantor, compositor, integrante do trio +2 e baterista de Adriana Calcanhotto, autor em 2011 do álbum "Cine Privê", em que se inclui a doce 'Os Pinguinhos', canção escrita em parceria com o Tomás), Alberto Continentino (ás do baixo que tocou com meio mundo no Brasil e que também grava com Calcanhotto), Ricardo Dias Gomes (da banda Cê de Caetano Veloso e também da Do Amor), Pedro Sá (guitarrista com vastíssimos créditos mas actualmente também integrante da banda de Caetano), Bruno Medina (dos Los Hermanos) ou - em 'Bunganvília' - Péricles Cavalcanti (cantor, compositor e teórico, com originais gravados desde a década de 70 pelas vozes de Caetano, Gal ou Arnaldo Antunes); e do lado de cá criaram bases rítmicas no contrabaixo de Hernâni Faustino e na bateria de Gabriel Ferrandini (músicos de muitas andanças jazz mas colegas no RED Trio).
O resultado é quintessencialmente quaisiano: letras de quem trabalha a língua e está habituado a driblar-lhe os convencionalismos, músicas de quem pinta com olhos de paisagista, focado no panorama geral mas consciente de que deus e o diabo se encontram nos detalhes.
Péricles Cavalcanti sabe. E escreveu-nos o PR:
“Há alguns anos, Nina, minha filha, me disse que queria que eu conhecesse Tomás, um seu amigo português (e de muitos amigos nossos), artista plástico e também músico (que já havia morado aqui em São Paulo e que agora estava de volta a Lisboa) que conhecia música brasileira. Bem, não demorou pra que eu ouvisse algumas gravações dele, com seu parceiro Jacinto, na banda “Os Quais”.
Imediatamente, mesmo antes de ouvir o som, já gostei deste nome de banda: sintético, moderno e auto-irônico. Depois fui ouvindo as gravações, simples, contemporâneas e experimentais e fui gostando ainda mais de tudo o que elas estavam dizendo. Soube que os “nossos amigos” a que Nina se referia eram os músicos do “+2”: Moreno Veloso, Kassin e Domenico Lancellotti e também o guitarrista Pedro Sá, todos, mais ou menos, da mesma geração de Tomás e Jacinto, e soube, também, que aqueles faziam o som brasileiro atual com que estes se identificavam mais.
Logo em seguida, eu e Tomás ficamos amigos, via e-mails, e ele me encomendou uma vinheta com o tema “futurismo” para uma das gravações do primeiro disco de “Os Quais”. Até que ele veio a São Paulo e, finalmente, nos conhecemos pessoalmente, conversamos muito e, assim, gostei ainda mais dele.
Isso tudo, de um modo bem resumido, pra chegarmos até este novo ‘pop é o contrário de pop”. Minha participação nele começou com o convite, que eu de pronto atendi, pra dividir os vocais com Jacinto (o que fizemos via internet) na bela “Buganvília”, canção que ecoa, pra mim, algumas canções de Caetano Veloso, artista que faz parte do “paideuma” musical da dupla.
Agora ouço o disco completo e fico mais contente de saber que, além de levar adiante as “explorações de estilo” do primeiro disco, as participações nas gravações se estenderam ainda mais, incluindo alguns daqueles nossos amigos, como por exemplo Pedro Sá, baixo e guitarra, em ‘É adeus”, canção que, “misturando” jeitos luso-brasileiros, diz, candidamente, “Tchau, adeus”. Ou Domenico Lancellotti, na bateria, nesta ‘Bandeira”, com melodia tão bonita, curta e límpida, cuja letra faz uma referência (ou reverência!) sutil ao grande James Brown e que conta, também, com a participação, entre outros, de Bruno Medina (de “Los Hermanos”, outra das referências musicais contemporâneas de ‘Os Quais”) tocando um banjo indiano.
Vale dizer que Domenico é também parceiro de Tomás em “Quem sabe”, além de participar dos vocais nesta faixa que encerra o disco realizando uma “ponte transatlântica lírica” com timbres de celesta e um belo e áspero arranjo de cordas (que lembra o som de rabecas do nordeste brasileiro) de Miriam Macaia.
Outro “link” mais explícito com a música brasileira está nesta canção-resposta-enviesada aos “Caros amigos” de Chico Buarque, “Meu caro amigo Chico” (feita para um filme documentário) em cuja letra são citados, também, ícones da cultura pop universal, como Paul McCartney e Fred Astaire, numa faixa que tem a participação, entre outros, do brasileiros Ricardo Dias Gomes (da banda “Do amor”), no piano Fender Rhodes e em que vale destacar o ótimo arranjo para metais do português José Castro.
Quando ouço a musica de “Os Quais”, inevitavelmente, penso nas relações culturais luso-brasileiras, hoje, e é como se Tomás e Jacinto, incorporando elementos de nossa canção moderna (pós-bossanova) que tanto lhes interessam, nos devolvessem, nas deles, de uma forma original, a possibilidade de compreendermos um pouco de nossa própria identidade poético-musical, que para nós, dentro deste “caldeirão”, parece bem menos clara. Não foi à toa que Portugal nos legou nossa língua!
Ouça-se, assim, esta emblemática, “Monossilábica”, em que não há outras participações que não a de Jacinto no vocal e de Tomás, no violão e na guitarra. Esta canção, uma das minhas preferidas no disco, num certo sentido filha direta de uma tradição experimental, traz na letra um exercício lingüístico que, implícitamente, faz uma reflexão sobre o uso pouco usual dos monossílabos em letras de canções em português (língua com um vocabulário composto por palavras e expressões mais extensas), característica essa tão comum em canções na língua inglesa, “naturalmente” mais sintética (o que, presumivelmente, a tornaria mais flexível para as divisões rítmicas!). E tudo isso “acompanhado” por um violão swingado, de inspiração tão brasileira e moderna.
Outra de minhas faixas preferidas, neste disco todo interessante, é esta “Corpo” que eu já conhecia desde uma gravação-demo anterior (que Tomás me enviou) e que sempre me chamou atenção pela delicada e cinematográfica descrição que sua letra faz de um belo corpo feminino, como num plano seqüência de um dos filmes iniciais da Nouvelle Vague: “mais livre teatro das formas exatas”. Lindo! E que ótimo baixo acústico, sinuoso e envolvente, toca o Alberto Continentino, nesta gravação!
“E como poderemos, então, não ver, aí, a beleza!”. Ouça-se, assim, esta outra faixa, “Duas imagens”, uma composição mais “universalmente” pop e que com sua estranheza, na entonação da melodia quase-falada e na letra, por si só, justifica e explica o titulo deste álbum.

É, este pop é mesmo diferente de pop. E não podia ser de outro modo.

Viva!
Péricles Cavalcanti”                                                                                         
“Pop é o contrário de Pop” – e, enquanto palíndromo, ninguém pode rebatê-lo – vai para as lojas dia 1 de Junho.

www.facebook.com/os.quais
www.mbarimusica.com
osquais.bandcamp.com

Destaque | DIABO NA CRUZ - ROQUE POPULAR - 2012 | Portugal


Género
Rock / Pop / Folk

«Vinde todos a terreiro! Vinde já ouvir o novel tomo dos mais celebrados jograis do roque lusitano. Bernardo Barata, B Fachada, João Gil, João Pinheiro e Jorge Cruz voltaram a congregar esforços e inspiração. Entraram no estúdio com os seus instrumentos musicais e de lá saíram com uma dezena de novas cantigas. Criações que, na companhia das cantigas de Virou!, cruzarão Portugal (de Trás-os-Montes aos Algarves, do interior profundo ao litoral que viu partir os nossos navegadores) e, quiçá, as sete partidas deste mundo. E prometem fazer rodopiar as saias das donzelas mais formosas e abanar as cabeças de nobres e plebeus. Entrai na dança, siga a rusga, minha gente!!»
Esta tentativa (falhada) de intro em linguagem mais ou menos antiga serve apenas para vincar que raras vezes o rock cantado na língua de Camões terá estado tão próximo das raízes musicais portuguesas e do nosso imaginário colectivo. O génio de António Variações, bem o sabemos, uniu o Minho a Nova Iorque em composições inesquecíveis, mas fê-lo com uma sensibilidade muito mais pop. É fascinante como a energia do rock e a urgência do punk casam na perfeição com os ritmos tradicionais, as expressões populares – como “não morremos hoje nem casamos amanhã” –, os sons de foguetes e o chamamento do amolador.
Tudo isto se encontra bem presente em Roque Popular, começando na garra destilada em "Bomba-Canção" ou "Baile na Eira" (as duas primeiras do disco e excelentes cartões-de-visita: tic-tac incendiário como um cocktail molotov e pogo dance para malhar no terreiro sem dó nem piedade) e desaguando na ilustração que Nuno Saraiva fez para a capa do disco.
Bem ao centro da acção, uma figura remete-nos para a vertigem de London Calling (Paul Simonon a partir o seu baixo em pleno concerto) e para uma das mais icónicas imagens do punk, fazendo a síntese e a ponte entre os dois universos, num caso sério de alquimia inesperada: estamos na presença de música urbana feita com o pés bem assentes na nossa terra e com potência suficiente para abrir fendas profundas no solo mais resistente.
Mas este Roque Popular não é feito apenas de paisagens trepidantes; os seus horizontes são abertos, vastos como as planícies alentejanas. Nele cabem momentos mais calmos, como a melancólica "Luzia" ou "Fronteira" (referência explícita à emigração, que tem sido a senha e solução de vida para muitos portugueses nos últimos tempos – o que acaba, aliás, por retomar um certo fado lusitano a que se costuma chamar diáspora) ou radio friendly, como o single "Sete Preces", que já anda a rodar por aí. Se o som do amolador costuma anunciar chuva, no final da funky "Estrela da Serra" antecede o surgimento dos "Pioneiros", esquadrão de elite que persiste em desbravar sem receio terrenos desconhecidos, «sempre prontos a agarrar o mundo inteiro». "Chegaram os Santos" arrisca um ska bem dançável e que se poderá tornar um caso sério de diversão, tendo todos os elementos necessários para ser um hino festivo-casamenteiro já no inicio do próximo Verão - à atenção das comissões organizadoras dos arraiais populares… e não cobro um cêntimo pela dica. E "Siga a Rusga", num portento de ritmo, antes de se escrever o “Memorial dos Impotentes”, espécie de epitáfio agridoce inscrito sobre este Roque Popular.
O grande equilíbrio (entre momentos para acelerar por aí fora e repousar o corpo e a cabeça, músicas para pintar a manta e refrões cantaroláveis) é um dos pontos fortes deste disco. O palavrão que me ocorre para o classificar é Música Moderna Popular Portuguesa, com a energia do (punk) rock a lavrar bem fundo nas nossas raízes. Melhor ou pior do que o seu antecessor, Virou!? Essa poderá ser uma questão debatida ad nauseam, uma vez que se tratam de duas obras excepcionais, mas uma coisa parece certa e segura: Roque Popular pega no ponto em que os cinco rapazes tinham chegado no disco de estreia e dá passos em frente.
E mesmo com este risco acrescido, pisa caminhos que o deverão levar a ouvidos muito variados, tornando Diabo na Cruz um nome familiar a bastante mais gente.

Depois da estreia com "Virou!", há três anos, "Roque Popular" é o segundo capítulo discográfico dos Diabo na Cruz. Um disco "mais rico, mais denso, com mais coisas a dizer" que "volta a pegar, sem preconceitos, na música de raiz", explicam dois elementos do grupo lisboeta ao SAPO Música. 

"As nossas raízes são o rock, mas ao longo destes dois, três anos de Diabo na Cruz fomos misturando outros elementos populares, que tanto podem ser da música mais tradicional como a das feiras, das festas, das romarias, enfim...", conta Bernardo Barata ao abordar os alicerces da música da sua banda - ou de uma das suas bandas, uma vez que o baixista também integra os Feromona.


Além de Benardo Barata, a formação atual dos Diabo na Cruz conta com Jorge Cruz (voz), João Gil (teclados) e João Pinheiro (bateria), que estão no grupo desde os primeiros dias, e Márcio Silva (viola braguesa), Manuel Pinheiro (percussão) e Sérgio Pires (cavaquinho e guitarra elétrica), as novas aquisições - baixas a registar, só a de Bernardo Fachada, que ainda assim permanece como "membro honorário".


Uma das maiores diferenças entre "Roque Popular" e o antecessor "Virou!" deriva mesmo deste novo formato dos Diabo na Cruz, realça o baixista. "Este é mais banda", aponta, considerando-o ainda um álbum "mais denso, com arranjos mais complicados". "Aqui ganhámos uma visão de conjunto, de coletivo. O próprio universo musical é mais profundo, mais entrosado", acrescenta João Pinheiro, atribuindo essa mais-valia à experiência de palco após a edição de "Virou!":


"Este disco vem da estrada, compusemo-lo em estúdio com muita estrada em cima, é resultado de uma banda muito habituada a estar em palco. Na verdade, Diabo na Cruz sem palco não faz sentido - o que fizemos em estúdio ganha aí uma dimensão plena", assinala. 


"O facto de termos tocado tanto no Alive como na vilazinha não sei das quantas também nos ajudou a perceber aquilo de que queríamos falar e a transpor para o disco em conjunto. O primeiro disco foi uma experiência muito diferente, com uma vivência mais individual. Desta vez partilhámos uma série de coisas que até aqui não eram tão óbvias", recorda Bernardo Barata.


Dessa partilha feita na estrada resulta um retrato de um Portugal redescoberto. "Todos nós gostamos muito do nosso país mas ao mesmo tempo somos muito críticos em relação a muitas das suas coisas e esse disco mostra isso: agora há mais acuidade na nossa visão em relação ao que se passa", destaca João Pinheiro.


"Roque" popular - o de ontem e o de hoje


Depois de visitar vários recantos do país, com uma agenda de concertos que percorreu mais de 100 palcos, o baterista tem alargado essa redescoberta ao plano musical. "Desde que estou em Diabo na Cruz, o meu interesse pela música portuguesa, que já não era pouco, aumentou exponencialmente. O disco que ando a ouvir agora é um dos Sétima Legião, que é uma banda que, há cinco ou seis anos, diria que não era bem o que me apetecia ouvir... e agora, de repente, fui pegar nesse disco ou em coisas antigas de Trovante, em todos os discos dos Gaiteiros de Lisboa...". 

Nomes como estes, ou como Fausto ou Banda do Casaco, são alvo de revisitação regular por parte dos membros dos Diabo na Cruz, refere o baterista. A aliança entre tradição e modernidade que os distinguiu mantém-se viva em discos como "Roque Popular", em que os Diabo na Cruz trabalham "uma língua e um património musical riquíssimos", sublinha João Pinheiro.

Num ano em que regressa aos palcos, a banda já apresentou o álbum em Guimarães ou no Porto e esta quarta-feira, 23 de maio, leva-o ao Ritz Clube, em Lisboa, a partir das 22h30. O resto do país é a meta dos próximos meses, mas haverá pelo menos uma incursão fora de portas, conta-nos ainda o baterista. "Vamos experimentar a primeira internacionalização dos Diabo na Cruz em Praga, na República Checa. Fomos convidados pelo festival Lusófona, que tem a ver com Portugal, e interessa-nos experimentar outros palcos. Mas para já o mais importante é fixarmo-nos aqui, onde as nossas raízes estão".


https://www.facebook.com/pages/diabo-na-Cruz/309932335470
http://www.myspace.com/diabonacruz

Destaque | GAZUA - TRANSGRESSÃO - 2012 | Portugal


Género
Rock / Punk

Depois de três discos editados em três anos consecutivos (2008, 2009 e 2010), os Gazua apresentam este ano o seu quarto disco de originais “Transgressão”. O estilo interventivo expresso sobretudo nas letras e os riffs de guitarra imprimem a personalidade dos Gazua, mas não é só disso que é feita esta banda.
A irreverência e o risco em experimentar novas sonoridades marcam este trio que em “Transgressão” se volta a reinventar. Com uma banda renovada onde o teclado é um novo convidado os Gazua viram assim uma nova página no seu percurso.
“Transgressão” foi gravado por Makoto Yagyu e Fábio Jevelim nos estúdios Black Sheep em Mem Martins.
www.myspace.com/gazua
www.facebook.com/gazuarock