terça-feira, 17 de julho de 2012
Destaques | SINISTRO - SINISTRO - 2012 | Portugal
Género
Post-Doom / Sludge / Post-Rock
O ano ainda vai a meio e a julgar pela colheita podemos dizer que é de assinalável qualidade, mais uma vez e pauta-se igualmente pela diversidade estilística, demonstrando que o panorama metálico português está de boa saúde e recomenda-se.
De entre um fervilhar de projectos e bandas que todos os meses vão assomando com novos trabalhos intra-muros, um grande destaque vai para os Sinistro - confesse-se que esta denominação, só por si, já é merecedora de curiosidade -, que fazem a sua aparição, auto-intitulada, num registo polifacetado, aglutinador de tantas referências que o seu enquadramento estilístico acaba por não ser nada fácil. Por aqui, há devaneios floydianos, momentos contemplativos com um fundo sonoro na linha do ambiental, há post-metal pré-'Oceanic' - com um toquezinho a Mono aqui e ali - e o bolo parece ficar completo, unindo estes ingredientes todos, com uma boa dose de doom metal. E, o mais interessante é que tudo faz sentido ao longo destes oito temas; as peças vão encaixando à medida que os minutos vão passando e tudo flui tão harmoniosamente que, terminado o som, fica uma sensação de desconforto, impelindo-nos a carregar não só no play, mas no repeat também, para uma prolongada viagem ao fundo destes temas. Somos absorvidos de forma subtil e tão generosa para o meio deste cenário - ou conjunto de cenários encadeados -, que desde cedo nos sentimos parte desta banda-sonora em que cada um de nós é o compilador de imagens e as coloca pela ordem que nos aprouver; e continuarão a fazer sentido, mesmo assim.
Num trabalho que funciona como um todo, é difícil destacar este ou aquele tema, mas 'O Acidente e a Euforia' tenta sintetizar, em pouco mais de quatro minutos, a fórmula aqui exposta - neste caso, com o contributo de Gabriel Coutinho -, 'O Dia Depois do Meu Funeral' que anda ali a deixar-se embeber pelo formato canção e, no derradeiro assomo, 'A Ira', a catarse musicada em onze minutos, onde um conjunto de teclados soberbo eleva em muito a qualidade deste tema e que conta, ainda, com a participação de Tó Pica, que efectua um belo solo já perto do final.
Desassombradamente, os Sinistro mostram-se sob uma paleta de cores que não nos deixaram indiferentes, restando saber se as mesmas têm o mesmo poder ao vivo e se mantêm a mesma vivacidade em momentos futuros. Se assim for, ainda iremos ouvir falar, e muito, deste misterioso trio. (15/20)
Sinistro - título adequado ao projecto. Assombroso - assim o descrevo.
São mais de cinquenta minutos divididos em oito faixas que merecem ser ouvidas e apreciadas por qualquer pessoa que seja amante de música pesada e experimental.
P, F e Y são os membros incógnitos deste trio que nos arrebata com as suas guitarras colossais e teclas que conduzem as músicas e criam ambientes belíssimos onde apenas existem vozes para acentuar ainda mais um clima sombrio e assustador. Temos também as participações de Tó Pica [Ramp] e Gabriel Coutinho que acrescentam ainda mais profundidade e classe às faixas onde participam.
O resultado de tudo isto é uma banda sonora emotiva e densa, com paisagens diversas que vão desde as mais negras às mais belas. Temos batidas trip-hop (em “O Dia Depois do Meu Funeral”), passagens floydianas (com o dedo de mestre de Gabriel Coutinho), o solo de guitarra de Tó Pica (em “A Ira”) e teclados que assentariam que nem uma luva num filme de terror. E temos, sobretudo, genialidade espalhada ao longo destas dez faixas. De destacar “Viagem Atribulada”, talvez a melhor do disco.
Vale a pena também ver o videoclip de “O Acidente e a Euforia”, realizado por Mike Correia (a.k.a. Mike Ghost), em que é captado de forma exímia tudo aquilo que são os Sinistro.
Em suma, este disco não pode simplesmente passar ao lado de qualquer apreciador de boa música. Ficamos à espera de poder ver esta misteriosa banda ao vivo.
http://www.facebook.com/projectosinistro
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